Seja o tipo de mulher que, quando seus pés tocam o chão a cada manhã, o Diabo fala "Oh droga, ela acordou!"

domingo, 24 de janeiro de 2010

Eu nem me lembro mais...

Hoje é o dia
E eu quase posso tocar o silêncio
A casa vazia.
Só as coisas que você não quis
Me fazem companhia
Eu fico à vontade com a sua ausência
Eu já me acostumei a esquecer
Tudo que vai
Deixa o gosto, deixa as fotos
Quanto tempo faz
Deixa os dedos, deixa a memória
Eu nem me lembro
Salas e quartos
Somem sem deixar vestígio
Seu rosto em pedaços
Misturado com o que não sobrou
Do que eu sentia
Eu lembro dos filmes que eu nunca vi
Passando sem parar em algum lugar.
Tudo que vai
Deixa o gosto, deixa as fotos
Quanto tempo faz
Deixa os dedos, deixa a memória
Eu nem me lembro mais
Fica o gosto, ficam as fotos
Quanto tempo faz
Ficam os dedos, fica a memória
Eu nem me lembro mais
Quanto tempo, eu já nem sei mais o que é meu
Nem quando, nem onde

Capital – Tudo que vai.


Sempre acreditei que músicas são momentos, fases que nos acompanham. Às vezes a trilha sonora pode se repetir, mas parecendo totalmente nova, totalmente única. Diz ai, você nunca repetiu uma música para duas pessoas totalmente diferente? Como se você estivesse escutando aquela música e nunca antes a tivesse associado a ninguém, mesmo isso sendo uma tremenda mentira (nossa, a palavra mentira ficou pesada, né? mas enfim...). E realmente, a música nunca tinha sido associada a ninguém antes, porque dependendo do momento, da pessoa a quem ela faz lembrar/pensar ela é verdadeiramente nova. Poxa, tem música que dependendo da época “o jeito de olhar” que diz na letra é totalmente novo, são olhares diferentes, pessoas diferentes, e por mais que seja a mesma música o significado é diferente.

Por isso escolhi essa música do Capital para postar hoje, pois mesmo já ter escutado ela milhares de vezes, hoje ela pareceu totalmente nova. O que antes era uma música de perda, uma falta de rumo por todas essas coisas que aconteceram, hoje para mim essa música significou mais as marcas que as pessoas que passam em nossas vidas deixam, pois elas deixam o “gosto”... seja o gosto da saudade, do sorriso no rosto quando se pega uma foto e pode dizer que valeu a pena, seja a magoa, seja uma dor de cotovelo, seja o gosto da decepção, seja o erros cometidos por elas, ou por nós mesmo... Não tem como, certas memórias voltam, sejam vendo fotos, datas, lendo agendas (ou diários), assistindo um filme... Já se pegou lembrando de planos que nunca aconteceram? Já se pegou lembrando de momentos que na época te sufocava porque você queria uma resposta e nunca achava?... e só depois você percebeu que ‘ter acabado’ foi a melhor coisa, porque aquela pessoa não se encaixaria no seu presente, que evitaria certo amadurecimento, aprendizado, ou até mesmo que não era o que você idealizava... Caramba, são pessoas, não estatuetas perfeitas para ficar em um pedestal. Sim, quando uma coisa acaba é difícil aceitar. Chora, esperneia, procuram respostas que nunca vão ser lhe dadas. E depois, depois de um tempo indeterminado, você vai acabar descobrindo o porquê daquilo ter acontecido... pode ter certeza, como também que aquilo aconteceu para você poder encontrar uma pessoa melhor para você.

‘Chorar não resolve, falar pouco é uma virtude, aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo. Para qualquer escolha se segue alguma consequência, vontades efêmeras não valem à pena, quem faz uma vez, não faz duas necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze. Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível. Quem te merece não te faz chorar, quem gosta cuida, o que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente, não é preciso perder pra aprender a dar valor, e os amigos ainda se contam nos dedos. Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida, e o que nunca deveria ter entrado nela. Não tem como esconder a verdade, nem tem como enterrar o passado, o tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos.’
[Charles Chaplin]

Uma professora minha um dia disse que sempre que recontamos nossas histórias elas se tornam diferentes... vocês já pararam pra pensar nisso? Quantas vezes você já se sentiu com raiva de alguém? Depois com raiva de você mesmo por achar que fez algo de errado? Ou então se prendeu em certos detalhes, ou em outros... huahuhaa loucura não? Sempre focamos nossa visão para uma determinada parte do que aconteceu, e do mesmo jeito que cada um conta a história de maneiras novas, os outros personagens também tem as suas outras milhares de versões.

Não tem como, cada coisa que acontece em nossas vidas deixa um pedaço... seja te fortalecendo, seja deixando com medo, desconfiado...

Um dia desses uma amiga minha disse que o ex namorado dela achava que ela não amou tanto ele, como acontecia com outros antes, pois ela não foi correndo procurar ele, nem ligou, nem chorou pra ele... ele achou que o amor dela por ele foi mais racional do que pacional, ele só esqueceu de um pequeno detalhe, que com o tempo a gente vai aprendendo certas coisas que adiantam ou não serem feitas, até que ponto se humilhar/correr atrás, aonde é hora de ‘sair de cena’ ou então continuar lutando pela pessoa amada. Não é que o tempo vai fazendo as pessoas deixarem de amar, mas sim serem mais fortes, e pelo menos ter consciência de que amor próprio é fundamental... como a N. escreveu no post anterior, fica pesado amar alguém que dependa tanto de você (eu gosto dela porque ela não precisa de mim). Afinal, quem não garante que essa minha amiga não morreu de chorar? Ela só sabia que naquela situação correr atrás não adiantaria.

E no fim, acabamos realmente esquecendo e superando as coisas ruins que nos acontecem... agradeça a sua memória por ser como uma peneira.

‘Às vezes parece que foi ontem, e às vezes parecem as lembranças de uma outra pessoa.’

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