Seja o tipo de mulher que, quando seus pés tocam o chão a cada manhã, o Diabo fala "Oh droga, ela acordou!"

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A MM me deixou um recado no orkut com a seguinte citação do seriado One Tree Hill:

As a person, I was pretty lost.
But in the past 4 years, I've been forced to grow up.
I stopped letting boys define me & I started to believe in myself and in my potential.
And somewhere along the way, that lost little party girl finally grew up.

(para aqueles que não têm o inglês como segunda língua, uma ajudinha:
Como pessoa, eu estava bem perdida.
Mas nos últimos 4 anos, eu fui forçada a crescer.
Eu parei de deixar que garotos me definissem e comecei a acreditar em mim mesma e no meu potencial.
E em algum lugar do caminho, aquela garotinha festeira finalmente cresceu.)

Eu realmente me identifico com essa fala (bem como me identifiquei com a personagem que a disse, em diversos momentos), e vou lhes explicar o porquê.
Assim como qualquer ser humano que habita este nosso amável planeta, eu sempre questionei quem eu era, as decisões que tomava, os caminhos que escolhia. Aquelas perguntas tolas que fazemos a nós mesmos e para as quais nunca encontramos respostas, a não ser as fórmulas mágicas encontradas em livros de auto-ajuda (com todo o respeito àqueles que acreditam em tais fórmulas).
Anyway, assim vivi eu até os dezessete anos. Meio perdida, sem saber exatamente como chegar a onde quer que eu estivesse indo. Tinha algumas poucas certezas na vida e veria a maioria delas cair por terra muito em breve.
Exatamente como a garota do seriado, no entanto, eu fui forçada a crescer. Para aqueles que acham que chegar à maioridade é superestimado e que pouca coisa muda quando se completa dezoito anos, eu digo: você, com certeza, não se viu entrando na faculdade sem ninguém que conhecesse, morando completamente sozinho pela primeira vez em uma cidade desconhecida e desproporcionalmente maior que a sua. Pois foi o que aconteceu comigo e não foi exatamente um conto de fadas.
Em primeiro lugar, ter liberdade é legal, muito legal. Mas, pelo menos pra mim, não compensa a solidão. Porque é isso que você sente quando não tem ninguém sequer pra desejar boa noite: solidão. E uma coisa que me apavora é a solidão (e palhaços! tenho horror a eles! mas isso não vem ao caso...). O século XXI tem toda essa tecnologia, que aproxima as pessoas e coisa e tal, eu sei. Mas um telefonema ou uma conversa pelo msn, ainda que seja com webcam, não é nada parecido com um abraço ou um beijo da sua mãe.
O que eu aprendi com isso? Não nasci pra viver sozinha, pelo menos não por enquanto. E sou uma menina mimada e gosto de ser assim, muito obrigada!
Na faculdade, encontrei MUITA gente que era MUITO diferente de mim, e isso me assustou. Demorei muito tempo para descobrir em qual 'grupo' me encaixava. Conheci várias pessoas que tenho enorme consideração até hoje. Mas não me sentia à vontade ali, e não havia como disfarçar aquilo.
Isso me ensinou que não adianta sentar e ficar esperando que as pessoas venham até você. Se quer fazer amigos, tem que demonstrar isso, deixar os outros verem.
Outra coisa que eu não conseguia esconder era meu descontentamento em relação ao curso (que as meninas não leiam isso, todas elas fazem psicologia! haha). Durante o Ensino Médio inteiro eu tive certeza de que queria ser psicóloga. Como eu poderia simplesmente admitir que estava errada? Orgulhosa e cabeça-dura como sou, relutei muito para assumir. Mas, depois de quatro meses, eu desisti.
Voltei para casa sem a mínima ideia do que faria da vida em seguida.
Essa foi uma lição difícil. Foi, porém, a mais valiosa. Nunca gostei de voltar atrás em uma decisão, ainda mais uma que era tão importante. Mas eu precisava perceber que, quando se escolhe o caminho errado, é uma bênção receber a chance de começar de novo. Ao invés de reclamar por ter escolhido o curso errado e ter 'perdido' um ano, eu deveria agradecer por não precisar permanecer mais 5 anos em algo que não me fazia feliz.
A escolha de outro curso para seguir foi difícil. E, no fim, a decisão foi tomada como faço com a maioria das coisas: impulso. Meus instintos parecem mais sábios que eu, certas vezes, e me apaixonei perdidamente pela faculdade de Letras.
Nos últimos dois anos, eu descobri muito sobre mim e sobre as pessoas em geral. Aprendi que ninguém é insubstituível, mas que isso não torna ninguém descartável. Aprendi que saudade é a dor que mais dói, mas como todas as outras, ela também passa. Aprendi que muita gente passa por cima dos outros em benefício próprio, e que em algumas situações, é melhor deixar pra lá e evitar maiores dores de cabeça. Mas, em alguns casos, devemos erguer a cabeça e revidar. Aprendi também que guardar rancor faz mal pra saúde, envelhece e nos torna amargos. Aprendi que o segredo é abstrair.
Mas, sobretudo, nos últimos dois anos, eu aprendi que de nada adianta ficar me perguntando que eu sou. Porque eu sou o que fiz de mim. Os erros do passado me trouxeram até aqui e me tornaram quem eu sou. Eu não mudaria nada, porque a verdade é que eu gosto de quem me tornei.

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